quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

‎"Uma pessoa deixa obras. Estas ficam ou perecem, mas invariavelmente assumem existência independente. Uma vez feitas, subsistem sem o seu feitor. Uma pessoa age e fala. Ações e palavras não se desligam do agente e do falante. Palavras e ações, os discursos e os feitos, não são como obras deixadas. Vêm e vão com o seu autor. O discurso só subsiste enquanto é sustentado pelo falante; a ação só subsiste enquanto é sustentada pelo agente. E enquanto duram é que apontam alguém. Ações e palavras podem ser comparadas às artes de desempenho – as artes do dançarino, dos atores dramáticos, a arte do músico – cuja realidade não é separada de sua realização mesma. São as artes de execução, apoiadas no exercício vivo da dança, do drama ou do concerto. Artes diferentes das artes de fabricação. Estas deixam produtos que sobrevivem por si mesmos, desligados da atividade que os trouxe ao mundo. O testemunho e a memória dos outros são os únicos capazes de trazer suficiente realidade e permanência à apresentação viva de alguém. Outra vez vale a comparação: como dançarinos, atores ou músicos, os autores de feitos e palavras dependem de uma audiência para aparecerem e para serem lembrados. Palavras e gestos humanos não são fabricações tanto quanto são revelações. Não estão no tempo tanto quanto são temporais e temporários. Só ficam quando são lembrados. Dependem de outros humanos para permanecerem: alguém depende de alguém para aparecer e quem vai recordar seus ditos e feitos."

E por isso nos meta-morfoseamos neste poli-desenvolvimento humano.

O que não era, hoje sou.
O que serei, hoje sou.
O que sou, é.

Eu sou você.
Você sou eu.
Nós.

Isso tudo não é meu.
Alguma coisa é.
E muito mais será!
Faremos!

Bruno Farina Hucke

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