quarta-feira, 21 de março de 2018

Se Nós




Se Nós, tempos precisos, oscilosos
á intempérie dos Deuses, eminência;
em metade lá e metade cá, dor e fé,
para que escolha seja tenaz, ou vã… 
(?)


Sendo.. trage-cômi-ca-dramatica-mente
como mito, sem escrúpulos em minúcias,
brumado repentino, nem tino nem prumo, 
só poeira de estrela, tu me acreditas?
só poeira de estrela!?


Confia em ti, nos outros, ou no além?
ninguém, pouco em cada, talvez..Será?
quantificamos, tratamos, perguntamos
e esvai camuflada, entrelaçada e só.



Algoz e herói, tarde ou cedo, esvaem-se
se confundem a todo resto que vem vindo
inerte, inerente, inteligível, zumbindo:
é capaz de negar-se, e, vezes, revelar-se



Como o mais óbvio dos risos alterados.
Como a mentira arteira aos necessitados.
Como as sedes dos famintos endiabrados,
injuriados, pra quem nem pouco tem como…



É rarefeita, de feitiço claro e branda;
também impiedosa, turva fúria, um embuste. 
Onde voltas se fazem contidas, encontros,
medidos enganos, promessas para uma vida.

Poetar


Poetar é preciso
Certo desalinho
Pontelíneo..

Um certo peso
Tipo inerente
suavidade voraz


Um tanto loquaz 
tanto mar
Tanto

Quando de graça
cantos teus
descobre - devolve

Des-nu-da 
de roupa
de leve

E de novo
e nós
tudo

Se foder
só fodendo
e ser foda

Nada de mais
só alcool 
sozinho

E de novo
comigo
giz

No universo
quase verso
do que já

Era tempo
passo
pés

Ponta de dois
compasso
pisco

Peste visão
que lumia
encontra

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Castanhas e dendê



Existe um ômi que é grande como o mundo.
Pode morar em vários corações ao mesmo tempo.
Ele vive em São Paulo mas seu corpor é terreno outro.


Veja bem, como um consulado estrangeiro, bem no meio de
São Paulo, a Bahia nele fez morada. Não a Bahia inteira,
mas o rapaz é feito de água de côco, de raios de pôr-do-sol,
de um
balançar preguiçoso numa rede, de uns temperos, de
um dendê.
João tem gosto de castanhas. Textura, cor...a doçura,
firmeza a maciez dessas frutinhas raras e oleaginosasé dele.
João tem cheiro de fumo, óleo de côco e comida boa.



Comendo um arroz com castanhas, do Pará, de caju, e 
uns pedacitos de côco...


de repente sinto o gosto de

João.


Luiza Vicentini

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Vidinha



Fui na padaria comprar o café da manhã. Apesar do céu azulão desperto, meu corpo ainda dormia. Me dirigi em piloto automático para a balconista e pedi três pães. Antes de me entregar o pacote ela se volta para mim:
 – Mais alguma coisa, "vidinha"?  – o adjetivo saiu assim, tão quente e acolhedor quanto o cheiro dos pães no pacote. Imediatamente abro um sorriso e algo em mim acende. Quanta vida cabe num diminutivo.        
                                                                      Juliana de Deus

sábado, 25 de março de 2017








Não sei amar.



 Sem mar,  mesmo sabido,
 é como sei remar.
Constrito, outra vez, parto
sem rumo se não o prumo.

assumo; perante o amor,
dor e suor, sou amador. 

Tolo desconsolo, tolo.
esse todo pedaço solto,
brota roto em desvario,
sem cena, sem pavio,
acena e ninguém viu.


quinta-feira, 10 de março de 2016

Consciência, Foco, Desapego e Luta






Eis que me salta em mente
justo ás margens da decência
ser real coisa premente
ante tudo: Consciência.

Mesmo que de forma esdrúxula
sou de espírito Barroco
e por ser de mim metáfora em segundo vem: Foco
Em terceiro de seguro
dos vazios que carrego
dentre todos o mais duro
"praticar o Desapego".

Caminhos de passos pequenos
como regra de conduta
têm por fim. mas não por menos:
Estar sempre pronto à Luta.

Nahuel Caran

terça-feira, 10 de novembro de 2015

in-usual







Me borda um sorriso manso nas costas e disposta, me pede mais com os olhos ávidos e a boca temperada.

 No sim em vacilo do não, como cada grão de dúvida em volúpia, chaminasse… Como se tolo, toda doçura do mar precipita-se de arroio, em pranto leve sob a derme ao que carece pressa do coração e calma nas mãos.

E mesmo se não for aquela que um dia a disse, sementes amarelas e estrelices, jamins e afins; trepida como se mais não fosse medida, e incisa, precisa choca lágrimas do que vem no mais normal de nós... como disse um poeta maior.

No contratempo nossas cinzas se misturam, maturam e do lirismo partido nasce crescido outra flor, sem nome, só verbo, sem paetê, mais que clichê.. um buquê. Ponto de partida, Início do fim.