sexta-feira, 15 de novembro de 2013




E eu volto, com boca, mãos e pernas... ah, estas pernas... Volto com ventre, com seios, costas, braços e pele...
Venho cheia de abraços, voz e sorrisos... pra te tirar do sério, do eixo, do foco;
Te manter fora daquilo que decidiste como caminho pra ti.
Entro, por mais que não queiras, pois nunca és pronto para deter-me a chegada.
Bagunço um pouco e vou-me de súbito, como é minha característica,
Sem adeus, pois se tratando a mim, não há certeza...

Agora lê e perdoa a falta da língua, de alguém que trabalha com máquinas, e só escreve pra si.


Vanessa Martins

domingo, 10 de novembro de 2013

Tens

Foto By Murilo Romanatto Alvez -Tens medo de fazer amor comigo? - Tenho - respondeu ele. - Por ser eu preta? - Tu não és preta. - Aqui sou.
- Não, não é por seres preta que eu tenho medo.
- Tens medo que eu esteja doente...
- Sei prevenir-me.
- É porquê, então?
- Tenho medo de não regressar. Não regressar de ti.

Mia Couto

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Tão




- É Parto nesse mundo cão -

na dispare de todas mãos
que sabem até o que perdoar
quando há de tocar
um outro lugar
que não própria razão.

Quem poderá ceder
o próprio desprazer
e ter mais compaixão?

Quando se clarifica
e tempo dilata a fita
Tão quão interrogação..

São

Haverá mais que opção
quando souber o tal do não
que é nem lá e nem cá
o que se há de achar
 caminhos desbravar
quando está coração

Quem poderá prever
e certo compreender
se na vida é tudo tanto tão

Desatino pelo vento
ao tempo oração






segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Poema de Natal



Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.



Mestre, Vinicius de Moraes

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Hoje acertei





O lado da cama,
De muié,
no café.

Acertei no açúcar,
No ponto dágua,
no pão a torrar.

Na musica matinal,
O formato do tabaco,
Na rima do jogral.

Acertei de sorriso,
O vaso pro verdinho
De carinho no ninho.

Hoje, eu acertei!

sexta-feira, 4 de outubro de 2013







Pode ser que todos os seus sonhos se realizem.

Pode ser que não.
Pode ser que você morra antes.
Pode ser que esteja faltando alguma coisa.
Pode ser que o cara lá de cima esteja esperando você fazer alguma coisa.
Pode ser que ele nem sequer exista.
Pode ser que a vida não passe de um sonho,
e a realidade seja apenas uma ilusão.
Pode ser que a sua verdade seja uma mentira.
Pode ser que sim,
pode ser que não.

Pode ser que eu esteja certo.
Pode ser que eu esteja errado.
Enquanto houver a possibilidade do poder ser,
tudo estará resolvido.

Então, seja, e deixe ser.

93, 93/93!

Caius Cesar

quinta-feira, 3 de outubro de 2013







O paraíso pode esperar
Um caminho que me guia
Para um outro lugar
Onde a alegria me serve
Sou um novo ouvinte
De uma nova emissora
Que me passa as dicas
De um mundo melhor
Onde eu fico em paz
Navios de lucidez chegam
O improvável vive na embarcação
Meu orgulho é notável em minha condição
Onde a realidade confunde a percepção
Mundo justo é meu mundo
Meu universo apaga a esperança
Sou o estranho que vaga no astral
Procurando algo menos individual
Todo fogo anima a medida
Marcada pelo ritmo na saida
Sisma minha é verdade
Negra e cinza 
Crueldade



Renato Farah

segunda-feira, 23 de setembro de 2013





En-dali-zar

Fiel companheira,
que fizeste de cama esteira,
quando saltava dum barco a beira;
Um precipício de quanto mar…

Quando mundos a nos separar,
e quilômetros a-nos juntar,
propícias delícias delatando,
nosso estranho jeito de amar.

Pele, películas e pontes;
Destinto torpe horizonte,
que cores enfatizou,
para tudo endalizar?!

Espero que não temamos
as próximas primaveras,
Por tudo que esse inverno,
Por tudo que a vista, a vera.


sábado, 21 de setembro de 2013

Declínio

Paralizo cardumes enriquecidos de alma,
extraviada por condição de causas,
em causos pouco risonhos de sonhos que
pecam ao nascer.





E como tua própria origem profana, se
ajeita em cama de veludo e-espinhos,
Como contendo contidozerros da vida,
Essências alquímicas e bobagens de praxis.

Declínio…
às vésperas da carne,
às fresas do caminho,
aos brilhos nocturnos,
poemas de ladrilhos,

Contos taciturnos,
como gole, fio-a-fio,
o que de próximo
era longe, tão desigual,

faz-me querer-me bem,
fazer-me mal, rio que vive,
constante desaguar,
eminente em mim,

eminência ao mar.








Dentro de cada palavra, música e meditação
Poesia e sua arte de despir meu coração

Da lua o mel frio toca minha pele vi
l




Amor serpente, me morde e nem se sente



Retribuo com olhares o que as janelas da alma não podem mostrar




Distração desbocada manchou a abstração aprisionada




Guardo dentro o que um dia há de sair...
Felipe Monaro

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Parcela-se



Em SP Parcela-se…

Parcelam-se vontardes,
Parcelam-se animizades,
e electro-domésticos.

Parcela-se Saúde,
Parcela-se adoecer,
e o pagamento do médico.

Parcelam-se sonhos,
contraceptivos,
mágoas.

Em Sampa parcelam-se as ( C )H( U )OR( V )as;
os tempos e necessidades.

Parcela-se sua atenção,
Parcela-se sua dor,
sua Comun-hão.

Parcelam-se Nascimentos, 
Caridades em Quantidade.

Parcela-se, Go-zo,
Em-Ti-Midades.
Parcela-se a mor(…)


Parcelam-se cor-ações,
Dó-açães;
Parcela-se compaixão.

Parcelas diárias,
Parcelas binárias,
Onde parcelas tuas falta.

Onde parcelamos com o "Quem",
o "oque" e Pronde(!?)

Parcelam-se respiros, 
Descansos…
Banalidades 

sábado, 24 de agosto de 2013



Painting by Leonid Afremov



Restos


Há um resto de noite pela rua
Que se dissolve em bruma e madrugada.

Há um resto de tédio inevitável
Que se evola na tênue antemanhã.

Há um resto de sonho em cada passo

Que antes de ser se foi, já não existe.

Há um resto de ontem nas calçadas
Que foi dia de festa e fantasia.

Há um resto de mim em toda a parte
Que nunca pude ser inteiramente.

Ildásio Tavares

sexta-feira, 9 de agosto de 2013







D'arritmia à Melancolia,
Enquanto a vida percorria,
Era tudo o que pedia,
Mas nada do que queria;

Queria as respostas que o Universo escondia,
Contudo, mais perguntas e questões empetalada cedia; Em cada perceber seja-noite-seja-dia…

Como em cada gole, o derradeiro, em cada encontro em que se-m-bebia.

Quando Gélido era frio que nem eskimo permitia, e quando quente, frita ardente, que nem mesmo o sol face polia.

Tons entre Tons

Sorvia intreteiro, sincopo arteiro, em sua poética revelia, para que os de outras, lhe valha, possam  mais um pouco de ar, um transbordo a mais, um pouco mais de vida.

sábado, 6 de julho de 2013

amour





 é uma dor que não incomoda, não até ser tarde de mais,
 pois uma flor que nasce às tais de atravesso espinhado, 
no peito embriagado de um tolo desassossegado!
Pego pelo alicerce maior da vida em condição de próprio fim, 
seria enfim, um marginal insípido em leal díspare
 com a lógica dos re-produzidos maquiados; 
Um Titã bailarino, tremeluzindo, calmosteiro;
era sabiá rouco de poucos,
 estridos assobios nos mais doce dos encejos. 
Ávido, pávido-colosso, era poço, era caminhar. 
Era tudo que precisas, qualquer alquimista, 
era puro fruto, era furto par.
              
Está fadado, ali, a não saber mais de si, 
nem são, a só ser… navegar. 

Arabescos

nesse teu corpo blues de mulher

donde corri passeatas
em tijolos estrelados
na sincope compassada
á tocar nossos hiatos

logo a felicidade fez-me colher

permaneci disparata
em versos vindo-céu
á espèce concordata
disse vá e apareceu

na troca sincera sol bem-me-quer

que soa ao bem querer
tuas mordidas marolas 
e tudo que cantarolas,
tintas que fez-te ser

ma pettite, ma belle, mon cher! 

sexta-feira, 24 de maio de 2013





Não sei se estou louco, ou se é o pouco de poesia que me resta; atenta minha sã liberdade de não escolher, que me espreita, olhar a olhar, fixado em teus pulsos e lábios serrados com os quais me profere um sorriso ingenuamente insinuante. Eu já não te vi por ai? disse, como quem pergunta se a cerveja já gelou, em poucos metros de espaço entre nossas temperaturas, com um chichi vermelho e pernas de fora, se abaixou para pegar algo devolvendo-me um ar reticente que nunca me tinha ocorrido…
Não me lembrava mais o do porque estar ali, não me fazia respeito também desrespeitar tamanha discrição, ousada, sutil; mesmo a mercê de outras possíveis interpretações neuróticas, pendi minha cabeça para a mochila em mãos e disse, talvez… Ouço isso o tempo todo. Talvez a pior saída de todas de todos os tempos, me visitando em plena luz da noite, em pleno acaso de paixonite a primeira pergunta me desmontou feito boneco, à troviscadas em sequencia e digna clara cara da querência, sai como nada fosse.
Como podia eu, tornar-me um outro, perante uma outra, que nem mesmo saberá o outro lado do mesmo? Como pude, onde estava que não ali? questionei-me vezes e vezes durante minha saída.
Agora admiro a distância… com tua perfeita silhueta tingida à estêncil, pencil
de pensar em falar o que penso, quando olhas assim…  

domingo, 17 de março de 2013

vida


Se Nós, tempos precisos, oscilosos
á intempérie dos Deuses, eminência;
em metade lá e metade cá, dor e fé,
para que escolha seja tenaz, ou vã…

Sendo.. trage-cômi-ca-dramatica-mente
como mito, sem escrúpulos em minúcias,
Brumado repentino, nem tino nem prumo,
só poeira de estrela, tu me acreditas?
só poeira de estrela!

Confia em ti, nos outros, ou no além?
ninguém, pouco em cada, talvez..Será?
quantificamos, tratamos, perguntamos
e esvai camuflada, entrelaçada em nós.

Algoz e herói, tarde ou cedo, esvaem-se
se confundem a todo resto que vem vindo
inerte, inerente, inteligível, zumbindo
é capaz de negar-se, e, vezes, revelar-se

Como o mais óbvio dos risos alterados.
Como a mentira arteira aos necessitados.
Como as sedes dos famintos endiabrados,
injuriados, pra quem nem pouco tem como…

É rarefeita, de feitiço claro e branda;
também impiedosa, turva fúria, um embuste.
onde voltas se fazem contidas, encontros,
medidos enganos, promessas para uma vida.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013





metal
se mente,
many...

pula

ação!

Se minto
cimento
com credo,
concreto

Desmente
de mente?
sem meta,
metal

quem?

com 
sente
mental. 







 Edson Lyra

domingo, 17 de fevereiro de 2013

N'outro



A falta que faz, do que de fato, me foge.
Está (N'outro) espaço que desconheço,

sendo que sei que quero tanto,
que queimo; ardo vazio;

Que me queixo da vida, vívida,
próxima pros olhos tocarem.

Tento, desencosto do meu passado 
e assumo outra postura, respiro, 
penso em não pensar muito, que
me faz pensar mais, e me revisitar,
partir promeu próprio desconhecido,
até que reconhecido, me faça gritar.

E não de qualquer tipo, nem jeito; 
era esporado como que saísse DÁLMA,
louco por transbordamento e lúcido 
por natureza de karma. 

Logo, instantes depois o vazio permanece,
diferenciado agora pelo calor, parecendo 
que acabara de sair: Pouco antes do fato 
faltar a fuga e furtar-me maizum pedaço.

Tão pequeno por quaisquer'outras grandezas, 
         mas com tal peso, 
tanto, quanto a imensidão dos sonhos: 

Apaixonados delírios,
doses e mais doses diárias de
Ati-banais, sendo que vezes até distribuía
como se me fossem outros recortes;
desmedido-irrestrito-altamente comburente. 

A força incontrolável do impossível!
Do improvável! 
Das pernas de uma puta! Da dor!
Da vontade! Ao Gozo! 
À costumes condenáveis.   

Tudo que vem de dentro entre esse limite do que é
ser fora ou não ser. Os famigerados famintos!
Famosos pelo apetite de necessidades realmente necessárias!  
Das vozes que calam por vontade e jamais por bordas. 

Permitindo o silêncio consequente,
para aquietar novamente,
mesmo que in-permanente,
que possa, aqui, presente. 


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Para todos..






Para todo dia que de noite o claro,
para os ares imóveis, uma pausa,
Para tudo que do nada, eterniza,
para que no mudo se fale o mais.

Para espera, mais que paciência,
para repouso, menos motivos,
para gastos, o gosto de quem gosta,
para quedas, para lamas, paradisíaco.

Para poucos menos, e todos mais,
para o cais, mais porto, menos partidas,
para a tona, o sub, e logo sublime,
para descobrir, ímpeto, íntimo, legítimo.

Para algumas vezes, o suficiente.

Para ninfo, paradoxos e pontes;
Para ninfa, poesias e partos.

Para enfim, poeira.