sábado, 24 de dezembro de 2011


O dia adiante, o fim próximo,

O pródigo autista conta sua história,

O prólogo, a possível, a passível da dita coerência.


Três vezes pai por amar de mais.

Uma vez pagão, cristão, uma vez..

Nenhuma vez nunca, pois entedia-se fácil.


Ignóbil, trato de apaixonar por pequenas coisas;

Espontâne-amante, profundo…

Indecoroso á pura discrição.


Brinca de jazzar, vezes, inadequado;

Inquieta-se, e fácil se acalma, aos poucos.. aos ventos.

Adormece sem sono, sonha e não lembra;


Sabe que morre todo dia, e não da conta;

Monta, foge da própria realidade.

Em letras desconta, notas e gestos.


Agora o que lhe tem, ou quem, tem sorte.

Pois se afasta IDcamente, inocente..

Mesmo que, francamente, pense para tal.


Comporta-se obtuso, sem regras, só poeira.

Divaga sobre a beleza do óbvio, sobre a vida;

Sob pontos, antigas cantigas, e o alem da fonte.

Que lhe toma aos montes quando permite-se o "esvaziar".

Quando muito mais que acreditar, respeitar e rejeitar..

Um fisgo, um trisco, uma ponte.


domingo, 4 de dezembro de 2011

São tantos os objetos onde se é possível depositar sentimento.
São tantos os humanos passíveis de sentir.
São tantos os objetos do sentimento.
São tantos humanos depositando.
Proliferam-se os sentires.
Objetificam-se os humanos.
Depositam-se nos objetos os sentires.
E tornam-se ausentes de sentido os humanos.
Onde há humano há sentido.
Mesmo que tosco e torto, sente.
Quanto mais humanos depositáveis
Menos objetos.
Humanizemos os sentires, depositemos nos outros.
Esqueçamos dos objetos,
E objetivamente sintamos.
~

Zaina Debouch
28/11/2011

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Esgueiro

O sono me pesa as ideias e nada resolvido.
Como pode tantas pessoas a amar..
Como, tanto espaço no coração se ele é finito,
Onde cabe tanto rosto, tantas lembranças..

Quem vai me contar o que será dele dessa vez?
Quem será a minha.. segurança ou âncora..
Quem disse que tem fim.. que o coração ama,
se ele só bate, se bate, se ele só ama...? e morre.

Quem disse se morre, se sempre bate de tempos
em tempos, pessoas em pessoas. Como pode?
Como pode sempre querer ser mais sendo menos
do que ele próprio almeja, sendo só um, ou mais.

Das quais já nem pertence mais, agita em alarde
sabendo que cada batida arde em sua disciplina,
como um ponteiro, conta gostas, engrenagem.
Mais uma passagem no tempo, esgueiro, ponto.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011


    Tudo em muito silêncio se resguarda,
      Cênico, olhos passeiam em aguardo.
        Em guarda, claustro-gota ebulição.

        Em fé seguro feito vão.

        terça-feira, 8 de novembro de 2011

        Madrugada


        São 28 para as 2 e ele continua acordado entre romances clichês e desenhos de humor ácido. Ele tem seus dias ácidos e ainda sustenta o romance em seu amores inacabados e aos iminentes, mas hoje, sua cabeça lateja incontestável. Expande e contrai em ritmo cardíaco, e nem uma aspirina, nem água ou algo para comer pode desritmar essa dança embaralhada do escarlate em suas entranhas. Já não tem mais forças para questionar as luzes da cidade, ou porque os acasos parecem mais coincidência quando mais lhe assustam.. ou teu coração? As perguntas que ele faz toda vez que alguém se aproxima, mesmo que com um olhar apenas, e silêncio.. pra que tanto vazio repleto de intenções meu pai?


        Ele espera algo puro apesar de sujar as mãos por diversão,

        E ele segue na contra mão apesar da correnteza lhe moldar a carne,

        Muitas vezes parecendo ser feito do mesmo material que lhe conduz.

        Estava cansado de meias palavras, de ser-vir o Ego,

        E a cada volta tudo se aprecia mais vazio e sem sentido.


        Na medida em que a medida

        Não se mede nem se mensura,

        Nem com juros, juras ou jus.


        E tudo aterrissa, ameniza, anestesia..

        com brisa, blues, bues, um banho frio…

        um sono, um sonho, um som.

        segunda-feira, 24 de outubro de 2011

        Efeme


        Trânsitoriedade não é uma opção, ação;



        É uma consequência do espaço tempo, que por mais que seja empregado com tamanha liberdade, traz consigo um tom agridoce do desapego repentino.


        Aquele aroma denso de café, invadindo sutilmente, vinho; aquele perfume de um amor revivido, um afago nas lembranças, que lhe atravessa e some, deixando pequenos vestígios do que foi, ou podia...


        Ter razão;

        Ter controle;

        Ter momentos;


        Nunca poderemos te nada...



        Pois parece-me que "ter" não é alcançar,
        não é tocar, nem sonhar.

        Não é abraçar, nem prometer, nem esperar.
        Nem ser, Nem ficar, nem estar.

        A vida tem e contem tudo,
        incontável e incontida,
        inflada e repleta.

        Tanto quanto traz, leva.

        quinta-feira, 20 de outubro de 2011


        Será que sinto de mais, ou não sinto?
        Será que penso de menos, ou não mais?

        A vida intransigente passa..
        Cacheada e colorida, ou, como muitas vezes, pálida e cálida.
        Será que meu mundo é pequeno de mais, ou digo eu?

        Cordialismos rotineiros, assassinos dos riscos espontâneos..
        Pregam-nos comportamentos, rastros e pré-escolhas.
        A vontade é de ser menos ainda, logo, mais;
        Próximo do esquecimento das normas, das lógicas,
        e palavras; Longe do ódio,da culpa, da euforia apaixonada;
        meio a natureza, natural, Livre.

        Talvez não simples, porque para ser simples, exige rigor.
        Talvez não pouco, porque para pouco, é preciso muito.
        Talvez não mais senssivel, nem faceiro.
        Talvez nem vítima, nem passional.

        Um bocado de nada fazendo parte do todo.
        Uma harmonia caótica, um contínuo pulsante prestes
        á eclodir em mais uma possível chance de vida.

        Quem dera então ser menos luz, menos trevas,
        menos lados e cantos. Menos dentros e foras,
        menos demasiado humano.

        Se é que temos escolha de não ser...
        Uma bolha a mais nesse mar de universo.
        Um brilho a mais no céu,
        Uma bruma em Nossa Senhora do Silêncio.

        domingo, 16 de outubro de 2011

        É um turbilhão..

        E perdido meio ás frentes coloridas, finjo caretas, tento contornando fintas e me percebo frágil; sem saber, tendo a inclareza de um pensamento e firmeza de gestos sem medo de errar. Tentativa que queima, só que com mais água. Uma estranheza nas entranhas que não barganha, só preenche o que não há sangue e carne.

        Ai vem o carinho e a paz que faz sentido e, calma-mente, mente; Esconde na falta verdaderidade, que já nem faz mais sentido a essa altura do chão.. comichão de ponta cabeça, um currupio na ponta da espinha que desemaranha em múltiplos sinais sísmicos, tomando a cor dos meus olhos, a humidade do minha boca, o titubear do batimento.

        segunda-feira, 3 de outubro de 2011

        Incontável momento.

        Abraço! Naqueles 3 segundos de um único abralaço com mãos postas uma longe da outra, já que não sabe mais para onde deve conduzi-las no meio de tanta vibração. Um pequeno balançar em silêncio meio que respirado, com a boca serrada e olhar mudo. O ar entra mais que uma vez completo.. e ao repente cada movimento lentamente fora do ritmo aponta uma decisão, logo que um leve "ceder" mutuo, orgânicamente aconteceu, ... e um olhar no espelho do outro.. ali! Sem pausas nem titubear, a entrega que nega qualquer frasco de dúvida como opção ou ação. Sem agitação interna.. só uma leve brincadeira risonha de sentir e se deixar em um incontável momento .

        terça-feira, 13 de setembro de 2011


        Na profundidade de uma pausa.
        Na cólica do tempo.
        No ideal de uma ilusão.

        No suspiro delicado.
        No surto educado.
        O andar na contra-mão.

        Respeito em silêncio.
        O ver ao vento.
        A lógica do sim ou não.

        O nada que incomoda.
        O tudo que afoga.
        O centro em oração.

        terça-feira, 30 de agosto de 2011

        valse

        Pensou de lado com um bocado
        de pretextos roucos
        de tanto chorar.

        Calou com gosto
        toda mágoa que
        podia ele apenas suportar.

        Fez-se fino trato
        quando logo soube
        que a vida ia mudar.

        Pediu que o fosco
        manto do desejo,
        dele, pudesse
        apenas descansar.

        E quando a forte
        voz soava, opaca
        de tanto ele precisar.

        Compôs a melodia,
        sina do impossível,
        sempre querendo almejar.

        E foi tomado
        pelo sangue do momento
        que era de se esperar.

        Partindo o sofrer
        de louco, onde pouco
        havia de se descansar.

        E fez o voto
        de sempre, cantar.

        sexta-feira, 12 de agosto de 2011


        No construir nada se cria,

        Tudo se reorganiza,

        Preconiza,

        Se junta.

        Como uma intuição, um feixe de energia que te atravessa em dimensões e camadas sutis, o criar se manifesta. Despertando em latejante re-ação o fenômeno contido em instantes incontáveis.. intocáveis. Paridos de conflitos, ramificações e quebras, manifesta-se como o despertar de uma estrela. Centelha clarifeita de proporções cósmicas, de influências irrevogáveis. Uma extensão do seu eu mais puro, exigente á mutação.

        segunda-feira, 25 de julho de 2011

        Sempre em deslizes pré assumidos,
        simples.. sede.
        Esperando que dessa vez seja um pulo,
        onde.. cala.

        sábado, 18 de junho de 2011

        .. e eu que pensava que..

        Que realmente meu ego estaria, não fazendo mas um de seus acordos pré-nupciais para a imagem, uma memória, mas que dessa vez, apenas dessa, pudéssemos nos perceber e respeitar a veracidade das coisas. O Fenômeno de existir sem interferir. Observar.
        Leio-me e alego inocência proposital, alego ser leigo e leviano; Um ativista interno de frente ao espelho.

        Me acaricio e a migo digo, acalmes, respires, seja. Livre, ora.. pois sois o movimento das in-possibilidades latentes. Sois Sol! .. o que da sentido ao movimento.. Somos.
        Logo nego participação ativa, ausento-me de migo... sigo. E a cada encontro com outro espelho nos olhamos impessoal-mente, em um breve momento, ali, infinito.

        Cansado de me perseguir, me deparo com EU. Aquele que é tudo isso, ou aquilo. Que é jovem, logo velho.. um brilho que responde calando qualquer pergunta. Que não tem roupagem nem imagem de nada, nem medo, nem cedo de mais para sigo. Para seguir.

        sexta-feira, 10 de junho de 2011

        Pode o futuro presente pré-concebido imprimir primeira pré-disposição para aquele futuro virar próprio presente, mesmo dizendo que sente, que não mente a pensar que será, que será, que será...

        quinta-feira, 9 de junho de 2011

        Estamos divididos..







        Entre falsas promessas e os desejo reprimidos.


        Por convenções incoerentes e frascos de comprimidos.



        Estamos divididos.

        Inquietos em momentos infinitos,


        Mitos.


        A culpa dupla de ser e querer.


        De crer..

        De nos expor, assim..
        Com fim e um endereço.



        Preço das escolhas..
        Folhas em um mar de papel.



        De começar pelo fim..

        Estamos divididos.




        segunda-feira, 2 de maio de 2011

        En-c-outro

        Trago em sigo ,o ponto.
        Possibilidade de um todo,
        Solto, leve, pairando..
        A ponto de ser.

        Virgulas, entre vidas,
        Pausas , corridas,
        Em cartas não lidas,
        Na partida do tempo bom.

        No gesto-acaricio,
        No omisso,
        Presente em sorriso.
        Aquela piscadela.


        En-c-outro.

        Tr-oca


        Mutabilidade,
        em pró e-min-ência,
        é a certeza do in-certo.

        domingo, 23 de janeiro de 2011

        Tudo parecia de acordo. Tudo certo feito casamento de papel passado e passado esquecido. Uma ilusão de que ao por um pedaço de metal no dedo e ritualizar uma comunhão, tudo se encaixaria de acordo com os anos e conselhos alheios, como segue na imaginação pré-concebida das massas e como se esconde entre o jargão da infidelidade. Um conforto que evita confrontos se escondendo por de trás do corriqueiro, por trás das máscaras e personagens medíocres de um conto, pré-supostamente, previsível...


        Cansada de esperar que o assunto surja, entre o calor escaldante e alguns tragos, ela observa atentamente seus passos.. sem esperar que seja diferente.


        -Você é feliz Cailo? è isso que você considera "estar junto"?

        - Do que é que você está falando?

        - Falo de nós, da vida.. de todos aquele momentos inocentes que prometiam o incumprível!

        -Éramos inocentes sim! mas verdadeiros.. e ..

        -Verdade!!? Verdade de quem? e isso, você chama do que?

        -Segurança talvez..
        *ascende um cigarro e olha pela janela despretenciosamente.

        -Eu também tenho dificuldades de me enxergar sem nós, meu amor.
        *senta na cama e começa a lacrimejar.
        -Mas as coisas esfriaram, perderam o magnetismo..

        -É fácil só enxergar as coisas ruins, as faltas, os vacilos.. mas e os momentos que seguraram isso até agora Miriana?

        -Era um amor de cinema.. como aqueles que entre aventuras se roubava um beijo, um gracejo..
        *um sorriso triste no canto da boca de lembranças bem vividas.
        -Esses momentos nunca morreram, só deixaram de acontecer com aquele ar espontâneo e adolescente que costumava acontecer.

        -Que merda..
        *as mãos cruzadas atrás da cabeça, tremulas.

        -Vamos parar de brigar, vai.. deixar pra lá..
        *acariciando seus cabelos.

        -Não.. você está certa.. não é justo que continuemos com isso, não é justo com aqueles jovens idealistas, prontos para conquistar o mundo que éramos a alguns anos. Você é linda Mi, mulher de fibra, encantadora.. pode ir muito longe, conquistar outros horizontes.
        *olhando fixamente em seus olhos.

        -Você.. pensei que seria mais fácil.

        -Você acha que não é difícil pra mim também? empurrar com a barriga nunca foi do meu feitio e e nem do seu, e não pretendo começar agora.
        *segura seu rosto com firmeza.

        -Mas nunca fomos assim, sempre nos entediamos fácil das coisas, nossas almas sempre precisaram de algo a mais! em que ponto tudo isso descarrilou..? Aliás, por que durou tanto?

        -Em que ponto..?

        -Isso já não importa, ?

        -Vamos manter pelo menos o respeito que conquistamos, o que sobrou da nossa inocência e paixão pela vida.
        *segurando as lágrimas.

        -É isso, então? Cada um volta para o seu casamento, sua mentira, seus trabalhos medíocres?

        -E o quanto real é isso? o quanto?

        -Isso simplesmente é, assim como toda a vida na terra, assim como as decisões que tomamos, assim como cada gota que cai do céu em dia de trovoada..
        *já serena, olhando para o nada em sua frente.

        -Apenas provações.. o amor transcende mesmo, não é?

        -Gosto de acreditar que sim..



        Cailo sai de mãos dadas com Miriana, e logo os trastes de água começam a descer. Dão um longo abraço e se olham durante minutos intermináveis.. dão alguns passos, se viram um ao outro como que conectados por vontade, e congelados em uma pose de admiração, são eternizados em um flash da natureza, se entregando á terra húmida e aos pequenos gestos de nós dois. Bem ali, onde os trastes nos fizeram parar.

        sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

        O vazio na chuva

        Foto by Eduardo Duccigne -


        A água ganha forma

        O tempo grita sua natureza

        Estronda no espaço

        Ecoa no vazio


        Entre as gotas

        Claridade prismática

        Entre o caos linear

        A eternidade passageira


        Que mata coisas belas

        Que vivifica o cenário

        Medo e admiração

        Respeito por ser


        Carrega consigo

        De um novo ar

        Penteia o vento

        Umidece os pontos


        Faz volume ás nossas lágrimas

        Continuidade ao ciclo

        Traz extinto interiores

        Beleza a quem desfrutar


        ..e como veio.. vai..