Foto by: mÁRCIOpEREIRA
Ela é daquele tipo que tem um sorriso... uma extensão própria que chega antes de qualquer outra coisa. E foi assim que ela tocou minha porta ás 23hs da noite enquanto eu fingia que lavava louça, bancando o bom menino. Usei essa desculpa da louça e ela a da curiosidade, ao trazer uma garrafa de vinho em suas mãos ao apartamento.
Meio sem jeito de quem queria sair, propus alguns lugares para ouvirmos um som; após um longo beijo, percebemos que não havia outro lugar para ir...
Aflito, procurei o abridor e nada! Mas é incrível como um homem pode ser criativo quando a pressão esta no ar... um parafuso e um alicate serviram deram conta.
Era melhor que o esperado. Vinho e tragadas a meia luz, gargalhadas soltas ao vento e os goles nos deixando mais flexíveis, mais vulneráveis ao som do Blues. Passeando pelas particularidades alheias, éramos espontâneos e sinceros, até de mais frente ás casualidades usuais.
A garrafa estava no final e a noite se desenrolava lenta em flertes intensos, feito tapa na cara. Pudor e poder se confundiam em jogo até então omisso.
Logo que a primeira peça tocou o chão as bocas se calaram, os corpos se tocaram e a troca se tornou íntegra...Pré-verbal. Um fiel pito e um fiel sorriso á brisa congelante de inverno paulista , confirma sua silueta de baixo das cobertas em extasiado encanto.
Bom dia, um bom beijo e o conforto de sentir seu álito amanhecido igual ao meu, único.
Despedida de abraços demorados e dizeres pretensiosos. Sobra-me o café, esperando curar a ressaca, e o ponto final esperando tornar-se reticências...