quarta-feira, 25 de julho de 2012

Admirar, a distância; em silêncio.




Como quem orquestrasse o mar, 

reluzia-se às intrépidas passageiras, 
às gigantescas monolípticas, 
às de massa tão rarefeitas que contem o vazio, 
em sua mais básica ideia, 
à pleno significado de existência, é feito, vão. 

Vagueia em tempo de eternidade, 
em estado ritual, em sopro perene. 
Diverge-se em ékso-implícita-realidade, 
lhe devolvendo pedaços seus, esquizocidos, 
diante das tão escolhas; 

Tão quando lisas, 
que lhe tingem o pensar de cor tão pouco existente. 
O vento mesmo que sentido, é ilusório, 
pois não às acompanha, não às instiga, pouco diz; 

Só resquício de um acontecido, já que ainda a tanto ressoa.. 
Lhe prometendo a repletidão do Nada; ao tudo que só se pode existir; 
admirar, a distância; em silêncio.      

terça-feira, 17 de julho de 2012

Do nascimento, a limitação.
Produto da criação
Sensação?
O consumo:
Da verdade.

Intensidade de uma integridade
Sincera de-sincronicidade;
À parte.

Realidade ignorante
Arte; arde
Desenvolvimento da paixão
Idealização?

Liquidez da sensatez
Credibilidade de uma sociedade;
Veloz,
Não menos atroz

Cíclica dualidade de uma ansiosa identidade
A sócia-cultura, figura.
Subjetiva, altiva
Morte da liberdade é a neuroticidade.

Demente dependência
Da simples anuência,
de sentir e não menos,
existir.

Bruno Farina

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Baudelaire


A QUE ESTÁ SEMPRE ALEGRE 

Teu ar, teu gesto, tua fronte
São belos qual bela paisagem;
O riso brinca em tua imagem
Qual vento fresco no horizonte.

A mágoa que te roça os passos
Sucumbe à tua mocidade,
À tua flama, à claridade
Dos teus ombros e dos teus braços.

As fulgurantes, vivas cores
De tua vestes indiscretas
Lançam no espírito dos poetas
A imagem de um balé de flores.

Tais vestes loucas são o emblema
De teu espírito travesso;
Ó louca por quem enlouqueço,
Te odeio e te amo, eis meu dilema!

Certa vez, num belo jardim,
Ao arrastar minha atonia,
Senti, como cruel ironia,
O sol erguer-se contra mim;

E humilhado pela beleza
Da primavera ébria de cor,
Ali castiguei numa flor
A insolência da Natureza.

Assim eu quisera uma noite,
Quando a hora da volúpia soa,
Às frondes de tua pessoa
Subir, tendo à mão um açoite,

Punir-te a carne embevecida,
Magoar o teu peito perdoado
E abrir em teu flanco assustado
Uma larga e funda ferida,

E, como êxtase supremo,
Por entre esses lábios frementes,
Mais deslumbrantes, mais ridentes,
Infundir-te, irmã, meu veneno!