sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Quanta verdade..

"Quanta verdade podes aguentar?"
Se teu olhar, ao comparar,
Compra o que já lhe pertence.

Aos poucos, que deram-lhe o olhar;
Que disponíveis, despiam-se juntos,
Cúmplices, ao entregar.

E aos muitos, ao que se nega,
Esfregam-lhe a vida tantos tombos,
Rombos antes maquiados.

Desatarraxam-se os seus olhos,
Trancafiam-se o peito, pudor;
Ressaca moral.

Mesmo sabendo do risco,
Físico, emocional e mental,
Um trago visceral.

O convite para dançar,
Á suas formas e glorias;
Alegorias a que entornas.

Seder tudo a perder..
Ganhar, um momento;
Á vida.



Veraneios de um sólido devaneio



Em pé, com meu orgulho e minha fé

Sigo adiante, nada me foi, tudo é

Sou tua cria, teu genitor, uma mesma via

Meu olhar, eu te via...

Sabia, sentia e mentia.



Me curvo, me dói,

É ambíguo o que te ergue e o que te destrói

Corrói;

O amor conjuga o finito e infinito, um labirinto

Dois em um, em tempo algum,

A construção da beleza nos derruba um a um,


Deitado, entregue, não existe um caminho, um medo segue,

Você me persegue!

Harmonia, uma delicada heresia.

Doce azia,

Questiono os Deuses, invoco Atena,

Vale a pena, o valor da pena?

Balbucio, sem forças, nada me cala,

O amor não impõe, ele fala!



(2012, Hucke, Gomes e Monaro)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Recrudescimentos sem argumentos de uma noite de certos acontecimentos




Ao acaso é aquilo que casa ou já casou?
Sabedoria de fato ou o que nos restou?
De fé?
Se alguém, quem é?
Dê-me licença, penso em um tripé!
Falo do subjetivo, ambiente e genética!
Se assim fosse fácil, era só manter-se o respeito e a ética!
Ah meu rapaz, muito tens que aprender, são vinte anos de muito saber;
De mim, não me atente, porque sei que é assim!
E se não sei?
E se errei?
E se pensei e noutro instante penei?
E minhas marcas, feridas e cicatrizes?
Dê-me licença, me desconstruo, assim são as atrizes.
Meretrizes?
Somos felizes!
Seja por defesa ou natureza, interpretamos e é essa nossa proeza!
Se escorrego, se te olho e não te nego, sou humana, me apego...
Talvez, aqui grite dentro de mim: “-Te quero!”
O toque, o olhar e o beijo...
O olhar, o toque e o beijo...
O beijo...
Cresce o desejo...

E então, qual é a conclusão?
Desilusão, conquista ou paixão?
E esta é a grande questão!
O resto, de nada vale, meu companheiro;
no íntimo sabemos, é o sentimento que vale e quem vem primeiro...

Bruno Farina

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Dulcema Line




Chego em casa e lá está você..







Deixando tudo marejado de velas e um cheiro adocicado de pastice, e me sabendo bem, deixa meu copo perto da mesa do lado de uma pista: Pequenos rastros de flores. No fundo do cenário você me observa com seu rosto de menina curiosa, sabendo que eu já estava mais do que indefeso só naquele imenso segundo. A nossa bagunça rotineira enfeitando o espaço, garrafas vazias de vinho, seus discos jogados pelo sofá e alguns livros meus servindo de apoio a uma estante.. tudo perfeito; e pula no meu pescoço como se não fossemos dentro ou fora, e eu já com o peito quente e com as calças nos joelhos, te contorno. Tudo parece um quadro do Dali, uma daquelas fotos-mentais que se tira em momentos assim. Ascendo um e você faz manha e reclama do cheiro, mas logo pede um trago roçando os pés de sono, e me traz mais um daqueles olhares de dança no tempo, com a face totalmente serena e apenas um sutil sorriso... Je t'aime.. Quase me fazendo um convite para largar de tudo e abraçar o caos, o improvável que a vida poderia oferecer, só ali, naquele gesto.




Era o medo mais gostoso de saber que ao seu lado eu perdia o prumo, e ela sabia, e gostava..




Como daquela vez que a convidei brincando para ir de carro ao campo do jeito que estávamos, eu de cueca e ela apenas de avental.. e logo a baixinha estava segurando minha mão e me arrastando para fora. Me deixava louco querendo sempre mudar tudo de lugar, mudar de rotina, mudar de penteado, mudar de brincadeira..




Principalmente quando eu á abraçava, toda ás lágrimas quando percebia que tinha feito mais uma coisa sem pensar.. coragem que muitas vezes eu não tinha. Sabia que eu estava bravo quando mexia de um jeito incomodo na cabeça, e logo vinha com um cafuné entre os dedos, cabelos e um chero no pescoço, e eu já nem não ligava mais. Seu jeito de dançar cozinhando, toda desajeitada; Bob na vitrola e eu distraído apreciando, rindo, sem conseguir escrever uma linha sequer.








Era um encontro.. Ninguém podia nos entender tão bem.. E um de nós partira primeiro..

Falava que me amava pela janela e eu fingia não escutar só para ter mais um pouquinho.




Redescobriu-me em lugares que eu já havia esquecido e correu pelos meus sonhos já encostados. Seu jeito loucamente doce de se comportar como se o mundo não fosse o suficiente.. e não era.




Mesmo me batendo em surtos e sumindo na madrugada, passando rapidamente da mulher mais íntegra a uma garota mimada assustada;
Mesmo quando dizia que não aguentava mais.. que nada fazia sentido..

Ela me inspirava douloureuse, calm e Formidable.




quarta-feira, 11 de janeiro de 2012



Um lugar onde o sol nos deixava com a casca mais forte, e as águas tão quão forte ao coração disparata. Com pouco de tudo, nos empunhamos ao risco aos risos esticados de tamanha energia, como se tudo fosse uma grande aventura pronta para nos tragar a sua própria realidade in-tocada, com orquídeas húmidas com aparência de lírios e sons indecifráveis vindo de seu interior. Eram dias incomuns aos esperados na ponta da cadeira quando ainda achávamos que sabíamos o que era realidade, e o que queríamos... éramos firmes nas decisões e arrojados nas palavras que desabitavam nossos sonhos. O único alimento que surtia era o vindo das epifanias diárias, os pequenos casos com cada situação respirada naquele sol e sentimento soprado naquela água.
Certos princípios são desnecessários para que os os desfechos tenham o mesmo fim irresolvido, interminável. Cada gota de luz respingada no reflexo do verde, do ocre, do vento.
De resto, apenas existia por nós.